28 de dezembro de 2015

O DÍZIMO ERA VÁLIDO SOMENTE NO ANTIGO TESTAMENTO?

Muito se discute sobre se o dízimo era válido somente na época da Lei, ou seja, antigo testamento. Porém se esquecem de que a Lei, também chamada de a lei de Moisés se divide em três partes: aspecto religioso, aspecto civil e aspecto moral. 
Quando Jesus vem, ele resume estes três aspectos da lei em um só, que fica sendo apenas o aspecto moral:
"Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas." (Mateus 22:36 ao 40)
Se repararmos, esses dois mandamentos são um resumo dos dez mandamentos dados por Deus e registrados no livro de Êxodo, capítulo de número 20. Sendo esses dez, o resumo de toda a Lei. Logo, o que Jesus disse em Mateus 22: 36 ao 40 é o resumo de toda a Lei.
Alguns alegam que a Lei foi abolida por Cristo, mas Ele mesmo diz ao contrário.
"Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir." (Mateus 5:17)
"Toda a lei se resume num só mandamento: Ame o seu próximo como a si mesmo". (Gálatas 5:14)
Jesus não aboliu a Lei, mas como já foi dito a cima, Ele a resumiu a somente o aspecto moral, todo o ritual religioso judaico e mais o aspecto civil ficaram para trás, valendo para a igreja o aspecto moral. 
Com isso, Jesus está ensinando que toda lei, os dez mandamentos e o que os profetas fizeram se resume em amar a Deus e ao próximo. Pois quem ama a Deus e ao próximo não adúltera, porque adulterando ele vai estar quebrando a aliança com Deus e com o próximo. E se eu tenho amor a Deus eu tenho moral, ética e respeito. Agora podemos perguntar, onde o dízimo se encaixa aqui? Já vimos que não adulterar se encaixa, mas e os dez por cento de tudo que ganho? Simples. Roubar é moral ou imoral? 
Imoral, certo? E Deus disse claramente aos sacerdotes que pelo fato de não levarem o dizimo para o templo, eles estavam roubando a Ele (Malaquias 3.8), mostrando que qualquer um que não contribuísse com o dizimo estava roubando! Então, Deus atribui o dizimo ao aspecto moral e moral permanece na graça. Vale lembrar que Deus nos fez sacerdotes. (Apocalipse 1: 6)
Só por este argumento vemos que o dizimo deve ser dado nos dias de hoje. Mas não vou parar por aqui. Vamos continuar.
Qual foi o primeiro registro de dizimo na Bíblia?
"E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou seus inimigos em suas mãos. E Abrão lhe deu o dízimo de tudo". (Gênesis 14:20)
Repare que muito tempo antes da Lei se dada a Moisés, Abrão entregou os dez por cento a Melquiseque, que é uma tipologia de Cristo (João 8.56; Hebreus 7.3-4, 7-8). Se a lei ainda não existia, Abrão só pode ter sido inspirado pelo próprio Deus a entregar o dízimo a Deus por meio do Seu sacerdote, a saber, Melquisedeque. Isso para mostrar que essa prática O agrada e que os cristãos devem fazer o mesmo, pois Cristo é o eterno sacerdote segundo a ordem de Melquiseque (Hebreus 7.17). Também, vemos que Abrão deu o dizimo de tudo que tinha e lendo os textos bíblicos, vemos que ele tinha dinheiro, o que desmente a ideia de quem o dizimo nunca foi dado com dinheiro.

A segunda vez que vemos o dizimo na Palavra é em Gênesis 28.20-22:
"Então Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus estiver comigo, cuidar de mim nesta viagem que estou fazendo, prover-me de comida e roupa, e levar-me de volta em segurança à casa de meu pai, então o Senhor será o meu Deus. E esta pedra que hoje coloquei como coluna servirá de santuário de Deus; e de tudo o que me deres certamente te darei o dízimo." (Gênesis 28:20 ao 22) 
Aqui  vemos Jacó fazendo um voto com Deus, dizendo que se ele cuidasse dele na sua viagem, ele lhe daria os dez por cento, e mais uma vez, claramente ele foi inspirado pelo próprio Deus, pois ele poderia ter dado qualquer outro valor, mas deu os dez por cento. E isso bem antes da lei.

Como então pode alguém argumentar que dizimo veio da lei? Estes exemplos bíblicos, foram nada mais obras do Senhor, para mostrar que Ele se agrada do dízimo e que em plena graça, Ele deve ser praticado como vemos em Hebreus 7, principalmente no versículo 8, onde se diz que o dízimo é entregue a aquele que vive, e em apocalipse 1:17 e 18, Jesus se apresenta como aquele que vive. Ou seja, o dízimo é entregue a Ele, damos no templo, mas é como se dessemos na mão Dele, o que estiver ali recebendo o dízimo é um representante, ministro de Jesus. 
Além do mais, o próprio Senhor Jesus ensinou que devemos ser misericordiosos, ser justos, ter fé e contribuir com o dizimo (Mateus 23.23), coisas da lei porém que permanecem na graça, pelo fato da lei moral continuar. Sei que aparecerão pessoas que vão dizer que Mateus 23.23 não pode ser usado para dizer que devemos dizimar na graça, porque Jesus falou isto debaixo da lei e falou aos fariseus e escribas. Porém se formos pensar assim, nenhum ensinamento de Jesus para guardar os mandamentos serve para nós, pois ele estava debaixo da lei durante todo o seu ministério (sem contar que Ele propagou o evangelho no território judeu, logicamente seus ouvintes eram judeus, mas vale para todos, tanto que Ele disse para os discípulos levarem o evangelho a todos na Terra). Sendo assim este argumento é inválido. Os ensinos de Jesus são para ser seguidos por toda igreja, pois a cabeça guia o corpo, assim Cristo guia a igreja. Independente a quem Jesus dirigiu-se, seus ensinos servem para todos que querem herdar a vida eterna, é a Bíblia quem diz isto.
Com tudo isso aprendemos que o dízimo não está fora do tempo da graça, pois a lei moral continua na graça. Mas dizimar é um mandamento de Deus, e seguir um mandamento ou não vai depender da sua fé nele e em Quem o criou. Logicamente toda desobediência a Deus tem suas consequências, mas ninguém é forçado.
Deus me ensinou algo: "para seguir um mandamento é necessário fé naquele a Quem seguimos, e quando não obedecemos algum dos mandamentos de Deus, isso indica que nosso nível de fé Nele está bem baixo."


Escrito pelo pastor Luis Roldan e o jovem Caio Silva.